São insetos pertencentes à ordem Siphonaptera (insetos cujos adultos de ambos os sexos alimentam-se do sangue de vertebrados por meio de peças bucais picadoras sugadoras), com metamorfose completa (ovo – larva – pupa – adulto). São ectoparasitos de aves e mamíferos.

As pulgas são insetos que possuem vida longa. Suas larvas podem retardar seu desenvolvimento se faltar alimento e os pré-adultos podem permanecer dentro do casulo enquanto não houver um hospedeiro adequado no ambiente. A maioria das espécies de pulgas habitualmente abandona seu hospedeiro de tempos em tempos e eventualmente vão parasitando outros hospedeiros, o que facilita a transmissão de agentes patogênicos.

São hematófagas, precisam de sangue (proteína) para maturação dos ovos, e depositam de 10 a 15 ovos sobre o hospedeiro logo após o repasto sanguíneo, que eclodem em um período de 1 a 3 dias. As larvas se alojam nas frestas, no solo e ninhos dos animais (nesta fase vão passando por fases larvais e se alimentam de pequenas partículas orgânicas e principalmente fezes de pulgas adultas), após uma ou duas semanas passam para o estágio de pupa para formação de adulto. A fase de pupa é muito importante, pois neste período não se alimentam, ficando protegidas da ação de inseticidas aplicados no ambiente. O adulto somente emerge se as condições ambientais forem favoráveis (temperatura e umidade), podendo variar de duas semanas até quatro meses. Dependendo da espécie, o adulto pode viver de 100 a 513 dias.

Do ponto de vista epidemiológico, atuam como ectoparasitas, causando dermatites alérgicas, infecções bacterianas e micoses, e como vetor biológico, transmitindo peste bubônica, salmoneloses, protozoozes, helmintoses e viroses. Em seres humanos têm se observado frequentes dermatites e reações cutâneas de caráter alérgico, principalmente quando há alta infestação, causando eritema (vermelhão) e prurido geral (coceira). Em casos de animais, principalmente filhotes, quando há alta infestação pode-se gerar um processo anêmico e ferimentos devido à coceira.

Principais gêneros de importância médica:

• Pullex irritans (homem): Pulga que pode parasitar igualmente humanos, suínos, cabras, cães, gatos, etc.;
• Xenopsylla cheopis (roedores): Uma das pulgas mais encontradas em roedores urbanos, é o vetor mais importante da peste e do tifo murinho;
• Ctenocephalides spp (cães e gatos): Pulga também transmissora da peste;
• Tunga penetrans: Conhecida no Brasil com o nome popular de “bicho do pé”, pode tornar-se um sério problema de saúde pública.

Principais doenças transmitidas:

• Peste bubônica: Causa uma doença letal nos roedores transmitida pelo vírus Yersinia pestis. A pulga obtém a doença ao picar roedores já contaminados, logo depois de contaminada a pulga tenta se alimentar porém não consegue, pois o vírus se reproduz rapidamente (no proventrículo – primeira porção do aparelho digestivo) a ponto de bloquear a passagem de alimento. Ao tentar sugar ela regurgita o alimento novamente quase sempre dentro da ferida de um novo hospedeiro, disseminando a doença. A pulga leva de 2 a 10 dias para morrer, podendo infectar dezenas de novos roedores. Hoje em dia seu tratamento é relativamente fácil, através de antibióticos comuns;
• Tifo murino: Causado pela bactéria Rickettsia mooseri, causa infecção de roedores principalmente do gênero Rattus. Ao ingerir o sangue de um roedor contaminado, a pulga ingere juntamente as bactérias. Estas ficam armazenadas nos túbulos de malpighi (sistema excretor) e são eliminadas por meio das fezes, enquanto a pulga viver. A contaminação em humanos ocorre quando essas fezes secas contaminadas são levadas a alguma ferida no corpo, ou no próprio ato de coçar a picada, ou até mesmo quando a pulga é morta por esmagamento;
• Salmonelose: É uma doença intestinal de roedores. Nas pulgas as salmoneloses são transmitidas tanto pelas fezes quanto pelo regurgitado;
• Tungíase (bicho do pé): Tunga penetrans se introduz completamente na derme do hospedeiro (geralmente nos pés) deixando apenas um orifício para saída de excrementos, ovos e larvas.